Messias Solar – Mithras (Persa)

Uma virgem dá a luz a uma criança pura em 25 de dezembro, anunciada pelo anjo. A criança protagoniza grandes milagres, ganha inimigos, ergue uma religião e mantém seus seguidores e discípulos, promove sacrifícios a um Deus que ninguém conhece e, em ultima instância, leva seus principais discípulos para um banquete que termina com sua morte e ascensão ao paraíso. Este poderia ser um resumão da vida de Jesus, divindade católica da atualidade, porém, estou falando de Mithras, divindade persa.

Assim começo este novo post, de forma polêmica e dessa vez não tem nada a ver com Dr. Zahi Hawass, sério, garanto, lê ai que tu vai ver.

É do conhecimento de todos que está mais do que na moda esculhambar o cristianismo e falar que Jesus não existiu, que a igreja não presta, que os dogmas são para pessoas burras e que não se pode crer em algo que não tem uma lógica ou que não pode ser provado em um evento científico promovido por grandes canais americanos e exibido no Fantástico com a dublagem do Zeca Camargo. Sendo o cristianismo o caçula das religiões baseadas na vinda de um “Messias solar” que dissipará as trevas, aliado ao curriculum da igreja católica no passado, sem falar no Constantino Magno e seu Concílio de Nicéia no ano de 325 d.C., fica fácil acreditar que tudo não passa de uma tremenda patifaria e que todos nós somos um bando de alienados sem senso crítico.

A verdade é que a nossa história é repleta de deificações, divindades, personificações divinas e mais uma cacetada de outros termos para identificar a necessidade do homem em jogar seus problemas não resolvidos nas mãos de um ser maior que tem a capacidade de organizar nossas vidas com um passe de mágica sem cobrar em espécie. Isso significa que, em uma existência de… sei lá… 4.000, 6.000 anos ou mais, os povos que existiram nesse intervalo de tempo criaram suas próprias divindades baseadas em sua cultura e suas histórias.

Sendo um arqueólogo, cientista social, administrador e pesquisador de antigos povos (tudo isso sem nenhuma certificação autêntica ou comprovação de respeito), concluí que muitas religiões existentes são semelhantes e/ou baseada na sucessão povos e culturas por meio de guerras (caso da Grécia que foi substituída por Roma que acabou aderindo a boa parte do panteão Olimpiano só diferindo os nomes e parte da história), por meio de lutas pelo poder (caso de Akhenaton e o culto a Atom, deus-sol que foi varrido da história pelos Sacerdotes de Rá) ou por união criada pela paz e respeito entre si (caso de povos jônicos que cultuavam deuses atletas, caso de Alexandre, o grande e a divindade Zeus-Amon, caso dos judeus e cristãos).

Precisei dar toda essa volta desinteressante para apontar esta divindade persa que encabeça esta série de posts relatando as mais diversas entidades que chamamos aqui de “Messias Solar”, pretendo levar para frente essa empreitada, visto que este blog versa sobre todas as formas de culturas, mitos e crenças possíveis, pretendo discorrer aqui sobre todos os povos de todas as épocas, até mesmo sobre o nosso povo que é muito sem graça (sem deuses soberanos e guerreiros e saradões, sem uma visão apocalíptica dos fatos que poderia resultar num supre hiper ultra mega ultimate sucesso de bilheteria capaz de fazer o James Camerom recitar canções campestres em posição fetal dentro de estúdio particular).

Enfim…

Mithras era uma divindade baseada no sol (como inúmeras outras, daí  nome de Messias solar), já apontei lá no começo do post que ele se assemelha e muito com outros deuses ensinados por outros povos. De acordo com o Wikipédia, Mithra era um culto apreciado na Índia, Pérsia e Roma. Era um culto que rivalizava com o cristianismo romano, porém, com a vitória de Alexandre Magno, os rituais e mitos da Pérsia ganharam dimensões terríveis. O que era um culto encerrado dentro das cavernas acabou aderido pelo Zoroastrismo. O filé do culto se dá na vitória de Mithra sobre o Touro, que representa as forças obscuras da natureza.

A parte do Touro é um tanto simbólica, claro que devemos lembrar que muitas dessas histórias tem lá o seu significado subliminar, sendo ele (o Touro) o representante das forças escuras e Mithras, o “Sol vencedor”, a imagem acima mostra a superação da luz sobre as trevas, além de fazer parte de um dos rituais referentes ao consentimento servil desta cultura, assim, o ato de sacrificar o touro representava a dissipação das trevas e noções erradas, ressurgia um novo homem dotado apenas da grande verdade e vontade de trilhar o caminho correto.

Isso não te lembra nada? Nem um “vá em paz e não cometa mais pecados”?  Pois é. Sendo uma entidade dotada de poderes celestes e de grande respeito por todos, não é de admirar que muitos reis de sua época façam reverência e mandem gravar estelas com sua presença diante de Mithras.

Mesmo não pretendendo tendenciar nenhuma linha de pensamento, a comparação com lendas/mitos/crenças/religiões/mitologias/narrativas/culturas/folclores e adjacências é inevitável. A permanência do simbólico é essencial para todo tipo de cultura de massa, lembrando que o Touro é uma figuração do mal, supondo que o mal tenha tomado o corpo do pobre touro. Há um texto bíblico em que Jesus arranca o demônio do corpo de um homem e o lançou em centenas de porcos que se precipitaram no penhasco próximo. Ainda podemos remeter ao grande Ramsés II que sofreu provação de seu pai, Sethi, enfrentando um touro negro e selvagem (por 2 vezes), encontrado em terreno calmo do Egito.

Mithras enfrenta o cristianismo em pé de igualdade, como já mencionado anteriormente, seu culto ganhou notoriedade após as incursões de Alexandre, o grande, que era persa. O fato de ser chamado de “sol vencedor” não o isenta de comparações com todos os outros cultos que também possuem um messias solar. Este culto encontrou uma severa resistência para se instalar entre os povos da época, li em um site certa vez que encontraram um templo dedicado a Mithras recentemente, porém, não achei nada referente a isto para poder confirmar. Há imagens de inúmeros templos mas nada recente.

Mithras combate as trevas, ensina seus seguidores e renasceu após ser assassinado. Se ninguém reparou tamanha semelhança entre Mithras e outros contos por ai, realmente eu não posso ajudar. Essas divindades solares tem base em todo uma astronomia, posso definir, sem nenhum peso na consciência, a semelhança entre os mitos, consagrações, dogmas, alguns nomes e até datas, classificando muitas religiões como sendo parte de um mesmo evento, apenas vista e descrita por povos diferentes e de culturas diversas. Cada macaco no seu galho e com a beleza que lhe confere ao seu estilo de escrita.

Encerrando este post (que demorou pacas), lembro todos que este é o primeiro de outros artigos que pretendo lançar, não seguirão uma linha rígida, o próximo artigo pode não ser necessariamente sobre outro Messias solar, só sei que irei colocando na medida que aprender sobre eles, bom carnaval e um abraço para todos.

3 comentários Adicione o seu

  1. Luciana Sousa disse:

    Algumas observações, Carlos.
    Quando mito e religião se misturam (e “in illo tempore” eram misturados mesmo), sou levada a analisar de modo mais reverente que crítico. É uma postura pessoal, obviamente, tem a ver com formação, valores, princípios. Percebo a simbiose; há, não resta dúvida, uma semiótica intensa, “Avatar”, de Cameron, traduz isso.
    Em todo caso, fazendo uma leitura crítica, sinto falta da referenciação, não pela necessidade bibliográfica em um blog pessoal, mas em respeito às fontes consultadas. Cumpre ver a simbologia do touro em outras culturas. É sempre que ele está associado às Trevas? Ver epopeia de Gilgamesh.

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    1. Carlos Bazuca disse:

      Oia nem sempre o touro é o vilão da história. Neste caso (especificamente), devemos lembrar que o culto ao deus Mithras sofrera modificações ao longo das eras (conforme citei no artigo), o indiano tem sua versão, assim como o antigos romanos e persas, além do atual Iraniano. No caso do Egito, o touro é um simbolo de força, Sethi (pai de Ramsés II) era associado mtas vezes ao touro. Não necessariamente malvado, mas de força direta e destruidora.
      Quanto a epopéia de Gilgamesh, acredito que esteja se referindo ao querido Enkidu, protetor e cara legal por excelência. De fato Enkidu é muito reativo quanto ao “novo”, além de não ser tão poderoso quanto Gilgamesh, o que nãocontribui para sua popularidade em outras culturas. Pelo que me confere, outros animais associados ao sol seriam o leão e a águia.
      Ah, já li a epopéia e não curti muito.

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  2. Joao marcos disse:

    Este artigo foi escrito por um ateu e como o tema e religiao nao leiam!!!

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