Um delírio sobre Karatê Kid 2010

Temos muito que conversar, eu vo-lo digo!

Eu tive a oportunidade de ver a película esses dias (mais precisamente na semana passada) e constatei, entre inúmeras coisas, que o filme pode (e deve) ser observado, interpretado e criticado de várias formas e contextos.

Entenda que tecer uma conclusão saudável e encorpada do filme Karate Kid 2010 seria apenas uma questão de escolha e o meu veredicto não é dos mais favoráveis. Hoje deixei o sarcasmo rotineiro em minha outra calça.

E olha que eu nem comecei direito a análise. Hoje estou criterioso.

UM POUCO DA CHINA, DOS EUA E DO NOVO KARATÊ KID…

Entenda a República Popular da China como uma nação em ascensão, quase uma superpotência e os americanos já entenderam isso muito bem. O Filme, além de entretenimento barato que oferece “mais do mesmo” (pancadaria aleatória entre pré-adolescentes tendo lições de moral como pano de fundo), me pareceu mais um tremendo soco na cara dos chineses.

Um “soco na cara” que custou US$40.000.000,00 de dólares.

A escritora do livro The Fragile Superpower, Susan Shirk
A escritora do livro The Fragile Superpower, Susan Shirk

Susan Shirk escreveu um livrinho chamado The Fragile Superpower (A frágil Superpotência, em tradução questionável deste que vos fala) que trata da Política Interna que, como sugere o título, fala do povo chinês.

Curiosamente, os “comedores de hambúrguer” se espantaram ao ler o hipotético frágil (sobre a China que, de frágil, não tem porra nenhuma). Porém, os chineses torceram o nariz ao serem chamados de superpotência.

Seja uma questão de humildade ou mesmo de uma auto análise crítica, os Chineses mostram que pretendem ir muito mais longe do que onde estão atualmente.

Entenda como quiser.

Os gringos experimentam grandes mudanças, se levarmos em conta o último Governo (o ex-presidente George W. Bush). A Guerra ao Terror, sua maior propaganda, foi um frustrante fiasco gritante. Agora temos um “garoto propaganda” que vende um EUA completamente diferente, democrata, não segregadora (segregação lá nos EUA é um assunto histórico) e contra a Guerra. Já o povo chinês, este sempre foi tremendamente criterioso na formação de seus cidadãos, quase uma Esparta de nossa época. A disciplina lá é muito forte.

A pressão social chinesa vem de berço.

Acredito mesmo que não houve momento mais oportuno para sair um Karatê Kid com essa nova roupagem, com uma história envolvendo personagens e situações que beiram um “paralelo com o cenário americano desta época”.

Pare o que está fazendo e pense um pouco: Um americano negro vencer atletas chineses veteranos no seu próprio quintal e, pior, no Kung-Fu (que, na verdade, se chama Wu-Shu, Kung-fu significa algo tipo “trabalho duro”). Esta é uma clara associação ao presidente Obama diante da China Comunista.

Nosso querido democrata possui o bom dos dois últimos presidenciáveis americanos, lembrando, também, o vampiro híbrido Blade (que também é negro). Sinceramente Obama tem muito pontos positivos ao seu favor, ao passo que George W. Bush é o presidenciável com o Q.I. mais baixo da história e o 2º lugar é do pai dele e isso não é favorável em canto nenhum.

Acho que me fiz entender sobre a mudança de perspectiva de liderança americana.

E o esquema de Cores também rola no novo Karatê Kid

Outra coisa que gostaria de salientar é o jogo de cultura e cores que envolvem o filme, até aquele lançe do tratamento de cura do Guerreiro usando vapores são associados ao tradicionalismo oriental.

Jaden Smith (filho do Will Smith e protagonista da trama) usa um simples e tradicional uniforme de kung-fu e aqui cabe o chamado ao passado e a China é religiosamente  Tradicional. No campeonato, os chineses rivais vestem Vermelho, cores da China Comunista e, claro, patriota (amante dos símbolos da Pátria, no caso, a cor da bandeira) e, ainda assim, acabam derrotados e ainda tem uma lição pra aprender.

Perceba que um filme onde um americano negro lidera uma Nação, ouvindo e praticando as tradições milenares de uma China orgulhosa e Superpotência mundial em potencial, procura se fazer ouvir por uma China de fortes raízes culturais, mas, agora, deve ter um “novo inicio”.

Só achei meio forçado a história da jaqueta. Falaremos disso depois.

ATORES “MAIS OU MENOS” DE KARATÊ KID

Todos os outros atores atuaram ou com um pé na desgraça ou na pura falta de talento. Nem o Jackie Chan escapa (meter a bifa na molecada é o de menos). Eu não entendo nada de Teatro, mas não gostei de nenhuma das criaturas do elenco.

WenWen Han - A pequena flor do jardim cansado de Karat"e Kid 2010
WenWen Han – A beleza feminina oriental que deixa os marmanjos boquiabertos.

Sendo um fã da franquia e, levando em conta a produção do Will Smith com a participação de Jackie Chan e por se tratar de um clássico dos anos 80, eu esperei muito desse filme.

Eu tinha Karatê Kid como uma referência do cinema de minha infância e Will Smith fez o favor de estuprá-la bestialmente e mostrar o estrago pro mundo.

O que dizer de Jaden Smith e sua expressão de tristeza profunda?!

Apesar dos pesares, eu tento ser otimista. O filme não é só patifarias, acrobacias e aquele soquinho do Justin Bieber (fala sério!), temos atores que prometem melhorar nas próximas aparições.

Graças a essa empreitada maluca e caluniosa, não conheceríamos uma criatura de beleza sustentável o suficiente para representar, com maestria, a cultura oriental como é o caso de WenWen Han.

Ela é tão lindinha que nem sinto vontade de critica-la.

Sua personagem chinesinha pululante e sonhadora vive em uma sociedade competitiva e patriarcal. Mei Ying é a única filha do casal e na China, casais com FILHAS sofrem mais na mão do governo chinês. A personagem seria, a meu ver, uma brecha para fomentar discussões intelectuais sobre a formação ideal da família asiática… mas não colou.  Enfim, uma personagem pouco elaborada em uma produção milionária.

Ainda assim, Wen Wen Han é muito bonita.

Com efeito, o que aconteceu de mais saudável para Karatê Kid 2010 foi Zhenwei Wang. O moleque é bom, tem postura e uma cara de vilão filho da puta, o que é muito bom em filmes orientais. Lembra muito Jet Li.

MACACOS ME MORDAM!

Mas ainda tem a Música

O responsável pela trilha sonora é um cidadão estadunidense chamado James Horner, seu trabalho aparece em quase todos os filmes da Sessão da Tarde  (CocoomKrullEm busca do vale encantadoJumanji, Querida: Encolhi as crianças e por aí vai). Também trabalhou em Alien, Titanic, Coração Valente e O Ultimo Mestre do Ar.

É mole ou quer duro?

James costuma criar uma trilha sonora contagiante e envolvente. Daquelas que fixam na cabeça e que, sem você notar, acaba cantarolando durante o dia.

Por algum motivo que só o INRI Cristo sabe, aqui seu trabalho beira a mesmisse. É mais fácil você acabar se perdendo na paisagem singular que o país proporciona do que tentar ser conduzido pela melodia. Podia ter caprichado na ultima luta, pelo menos.

O clássico dos anos 80 tem uma trilha sonora ótima e a minha favorita se chama You´re Best (Joe Esposito). A letra da música condiz com tudo o que é abordado na história: Superação, vontade, lutas. O que não vemos nessa versão.

Falando no filme original…

INEVITÁVEIS COMPARAÇÕES COM A FRANQUIA OITENTISTA

Não levem para o lado pessoal, detesto comparações, mas é inevitável não comparar as duas produções em todos os pontos. Até agora fui tranquilo.

Analisando a proposta do original, Daniel Larusso sofria bulling violento por parte de outros rapazes violentos, adestrados por um lutador violento oriundo da guerra do Vietnã… que foi violenta!

Tudo isso em um bairro violento, e todos aprendiam Karatê visando violência.

Daniel-san podia virar um Serial Killer, invadir a academia Cobra Kai com uma semi-automática e lavar o quarteirão com o sangue daqueles que o levaram até aquele ponto irreversível de insanidade… se não fosse o Sr. Miyagi, veterano sabedor da arte milenar de chutar o rabo de idiotas musculosos.

O Sr. Miyagi e Daniel-san (Pat Morita e Ralph Macchio) formavam uma dupla em incrível sintonia, donos de uma cumplicidade que eu não esqueço jamais. Verdadeiros pai e filho que se encontraram, oriundos de existências passadas, um era extensão do outro.

Na nova versão, Dre (esse é o nome dele?!) é apenas um garoto chorão que vai parar na China (por que mesmo ele foi pra lá?!) e vive chorando no pé da mamãe, se indispõe com chineses malvados e vira amiguinho de um encanador mestre de Kung-fu frustrado. Proposta imatura e nada sedutora. Os americanos devem achar que mestres de artes marciais nascem em árvores.

Assim como aqui no Brasil tem um Pelé e um Neymar em cada esquina.

Tão logo, passamos para os personagens. O que eu posso falar do chorão Smith e o Jackie Chan? Não há simpatia, não há envolvimento e muito menos curtição. Não brigam, não há perspectiva de progressão na convivência entre inquilino e mecânico ou uma evolução no relacionamento entre aluno e mestre. Ninguém consegue, ao maior esforço, espelhar-se no original. Não há possibilidades, é mais fácil você acabar se espelhando no Hong-Kong-Fu e o gato China.

A realidade proposta para ambos protagonistas também merece investigação. Daniel-san era um lutador que ganha na base dos PONTOS. Dre dá um nocaute num prodígio do kung-fu usando um golpe digno de um Street Fighter. E o que dizer do romance?! Por duas vezes, o filme aposta nas habilidades performáticas de Jaden. Para paquerar a charmosa e gatinha Mei Ying, Jaden uma porra de dança nerd que imita robô.

Que xavancas foi aquilo?!

O Dino da Silva Sauro é melhor em sua dança do acasalamento.

CRÍTICA AO NOVO KARATÊ KID DO FILHO DO WILL SMITH

Jaden Smith não convence na releitura de Karatê Kid
Jaden Smith não convence na releitura de Karatê Kid

Já disse pra não levar pro lado pessoal, mas a película é terrível, lutas enfadonhas e muito mirabolantes, o charme da antiga franquia foi dado aos cachorros como diversão e tudo não passa de uma forma de promover Jaden Smith e sua cara de choro.

Vejo Jaden percorrendo o mesmo caminho de figuras que não convencem, apesar de grandes padrinhos. Tipo o Fiuk e o Alemão do BBB.

Aliás, cadê esse povo?!

Primeiro tiram o Godzilla dos japoneses e criou um calangão gringo computadorizado. Depois, trocam Percy Jackson (um gatotinho) num rapazola com franja. Ainda, transforma meus queridos Kamen Riders em metro-sexuais estranhos e agora destrói vorazmente um clássico de minha infância.

Cinema atual, o que eu te fiz para me odiar tanto?!

10 comentários Adicione o seu

  1. Eduardo Lemon disse:

    Gostei da explanção meu velho, tive as mesmas impressões que você, só curti mesmo ver as porradas.

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    1. Carlos Bazuca disse:

      O pior é q nem porrada teve… vi um monologo americano e a decadência do Jackie Chan assinada pelo próprio Jackie.

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  2. mary disse:

    eu quero uma conclusão que preste SOBRE o FILME!!!
    E Ñ SOBRE O PENTEADO ALHEIO

    QUEM CONCORDA COMIGO?

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    1. Carlos Bazuca disse:

      EU CONCORDO!
      Acredito que fiquei tão irritado com o filme e a performance do Will Smith Jr. que acabei deixando a conclusão de lado… afirmo que não há muito o que concluir sobre a história. Falando a verdade, não sei se perceberam, mas o filme acaba logo que o campeonato acaba ,não deixando margens para o espectador tentar exprimir um momento filosófico sobre a situação do “estranho no ninho” para suas próprias vidas, fato que não é ocorrido na versão original.

      Conclusão para o filme: ENCHER PRATELEIRAS E ESVAZIAR O SEU BOLSO.

      “Isto” Agradece por ser útil.

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    2. Eu concordo com vc, o filme foi otimo

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  3. tamara disse:

    Então… bom… não sei bem oq dizer afinal sou suspeita, adoro o jack acredito q jah vi todos os filmes dele incluso os em chinês, mas n gostei dele neste filme, normalmente ele (jack) interpreta ele mesmo com o seu kong fu “próprio”, tbm ja visitei a china, digamos recentemente começo do ano de 2008, e lá o senário é muito ilusório, não parece mostra seu verdadeiro rosto, mostrando assim em programas da TV apenas dramas super romanticos e comédia, tbm a população pare n se importar com tal fato, ou seja, sim! cada um vive uma falsa-realidade, n estive em Beijim (Pequim) própriamente dita, mas dei uma passadinha por lá, tbm esses senários ditos como “típicos” tem muito mesmo não mostra-los, seria um erro afinal é o q mais tem por lá, tbm foi a parte mais divertida da minha viagem, outra coisa, é onde melhor para aprender kong fu do que em uma bela paisagem?? rsrsrsrs em fim concordo com vc na maioria ^^ até mais

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  4. luis enrrique disse:

    uuuuuuu esta padrisima esta pelicula fulll (º_º)

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    1. Carlos Bazuca disse:

      É o q machu? Entendi foi nada.

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  5. Vcs sao muito recalcados, hein! Essa história nao tem nd a ver com a rivalidade da china com os EUA, essa história se baseia entre um garoto chines (Cheng) q gostava da Meiying, e começou a desenvolver uma rivalidade com o Dre Parker. Para nao apanhar entrou na competicao de kung fu e foi ensinado pelo senhor Raa (Jackie Chan). Tratando do estilo das musicas, sao musicas de superacao no estilo pop moderno. Se a versao ANTIGA do karate kid foi melhor PARA VOCE, assista a versao antiga. A versao moderna é de acordo com essa epoca e se vc nao gosta das musicas modernas, PROBLEMA SEU!!! Eu tb nao curto Justin bieber, mas nao falo q as musicas sao ruins se eu nao conheço. Aprende a respeitar os outros e nao criticar e botar mais lenha na fogueira! Isso é uma dica pros outros tb nao reclamarem de vc!

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    1. Carlos Bazuca disse:

      Ah vlw pelo comentário, construtivos ou não. Aliás, sobre você dizer que eu preciso respeitar os outros, eu respeito e sempre respeitarei o gosto alheio, não tenho o péssimo costume de esculhambar as pessoas no blog dos outros. O que eu faço não é desrespeito, apenas tenho uma opinião diferente e isso sim é que precisa ser respeitado. Fica a dica, se vc não consegue, td bem, pra isso é necessário, claro, um tanto de maturidade.

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